Juventude do PPS se reúne com lideranças do partido na Assembléia Legislativa

Juventude do PPS se reúne com lideranças do partido na Assembléia Legislativa
Lideranças do PPS compareceram na tarde desta quinta-feira, dia 10, a uma reunião com a Juventude Popular Socialista (JPS) na Assembléia. No encontro foi apresentado um projeto que divide o Tocantins em cinco núcleos: Palmas, Araguaína, Gurupi, Colinas e Dianópolis. Segundo o projeto da Juventude Popular Socialista, o objetivo é atrair mais jovens para as fileiras do partido e lançar candidatos jovens já para o ano de 2008. A proposta é dinamizar as ações do partido com a juventude tocantinense. O presidente da JPS, Tony Charles Gomes, explica que “a proposta surge a partir da necessidade de mobilizar a juventude ao mesmo tempo estruturando o trabalho partidário em cada frente de atuação. A intenção é fazer com que o jovem despreparado de hoje, seja, num futuro próximo, um articulador de políticas em prol da sociedade em que vive”. Baseados na pesquisa divulgada pelo “Perfil do Jovem Tocantinense” que mostra que embora 40% da juventude se interesse pelo meio político, apenas 6% são filiados a alguma legenda, os jovens representantes da JPS defendem uma maior integração da classe na política estadual. Tony Charles afirmou que a idéia desta Executiva é “funcionar muito além do simples debate político-partidário, mas somar idéias e ações concretas em áreas como ecologia, cultura, esportes, lazer , música, turismo, direitos humanos, desenvolvimento econômico, ciência e tecnologia” entre outros. Além dos líderes jovens do Partido Popular Socialista, também participaram da reunião do JPS, o secretário estadual para Assuntos Parlamentares e primeiro suplente de deputado do PPS no Legislativo, Sargento Aragão, e o chefe de gabinete do deputado pepessista Eduardo do Dertins, Elmar Batista Borges.


terça-feira, 26 de junho de 2007

Artigo: O que é ser esquerda hoje?

Maurício Rudner Huertas *

“Caminhante, não há caminho; faz-se caminho ao andar.”

(António Machado, poeta espanhol)

A quem ainda vislumbra uma utopia de esquerda, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos mais assusta do que empolga ao afirmar que o “Socialismo do século 21” está se desenhando na agenda política de Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador).

Por sua vez, o político e intelectual mexicano Jorge Castañeda entende que há dois tipos de esquerda na América Latina. De um lado, “a boa esquerda”, que seria “reformista, moderna e aberta a novas idéias”, presente, segundo ele, no Chile e em parte das esquerdas brasileira e uruguaia. De outro, aquela representada por Chávez, Morales, Fidel e Kirchner, que seria a “esquerda burra, nacionalista, barulhenta e mentalmente fechada”.

A Conferência "Caio Prado Júnior", encontro suprapartidário que o PPS promoverá no mês de agosto, em Brasília, pretende debater o que é uma esquerda moderna, suas características e o seu projeto transformador para o Brasil, em homenagem ao centenário de nascimento do historiador marxista Caio Prado Júnior (1907-1990).

Reuniões preparatórias estão sendo organizadas em todo o país. Propostas, análises, teses, críticas e sugestões são recebidas pelo PPS e publicadas em um site específico (www.ccpj.org.br).

Personalidades como Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Roberto Freire (PPS), Jarbas Vasconcelos (PMDB), Luiza Erundina (PSB), Cristóvam Buarque (PDT) e Fernando Gabeira (PV), entre outros, já estão integrados à conferência política que tem como objetivo contribuir para que a esquerda brasileira defina um projeto para o Brasil, inclusive redefinindo-se como esquerda. Essa é a crise pela qual passa o pensamento progressista em todo o mundo.

Temas como juventude, meio ambiente, crescimento econômico, justiça social, desenvolvimento e distribuição de renda devem estar entre as prioridades dos debatedores.

A necessidade de abrir um amplo e profundo debate com vários setores da sociedade brasileira fundamenta-se diante da constatação de que todos os grandes partidos da esquerda e centro-esquerda, desde a redemocratização, já chegaram ao poder central do país e não atenderam às expectativas de mudanças e de enfrentamento das desigualdades sociais e regionais.

Não é por acaso que a política e os políticos são vistos com desconfiança e até desprezo por ampla e crescente parcela dos brasileiros. Além dos exemplos deploráveis retratados diariamente nos jornais, há toda essa desmontagem dos paradigmas que nortearam utopias e concepções transformadoras ao longo das últimas décadas.

Não existe, em contrapartida, a substituição por modelos que possam reorientar a política até então chamada de esquerda, que historicamente resguardava padrões éticos consagrados pela luta a favor de dias melhores e mais felizes para todos, e buscava concretizar de forma coerente os ideais democráticos, da cidadania plena e da justiça social.

A esquerda parou em uma encruzilhada: ou busca compreender as novas realidades (regionais e mundial), identificando novas formas de enfrentar a complexa transição entre a sociedade industrial e a emergente sociedade do conhecimento, fruto sobretudo de uma célere revolução científico-tecnológica, ou vai ruir definitivamente nestes modelos arcaicos de Chávez e Morales.

Em uma sociedade cada vez mais individualista e predatória, o desafio é como manter viva uma política referenciada pela participação popular, fomentando uma esquerda moderna e democrática, com uma agenda de profundas reformas capazes de dar novo rumo ao país, de forma a superar e deixar para trás práticas e comportamentos que corrompem, que desmobilizam a consciência crítica, que assaltam os recursos do Estado e, assim, colocam o próprio processo democrático em risco.

Neste mix de personagens latinos, concluo com uma frase do cineasta argentino Fernando Birri, citada pelo escritor uruguaio Eduardo Galeano: “A utopia está no horizonte. Eu sei perfeitamente que nunca a alcançarei. Se eu caminho dois passos, ela se afasta dois passos. Se eu dou dez passos, ela fica dez passos mais distantes. Para que ela serve então? Serve para isso: para caminhar.”

* Maurício Rudner Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS e coordenador da ONG Vergonha Nunca Mais!, pela Ética na Política.

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